terça-feira, 23 de outubro de 2012

As noites de Paraty realmente foram as melhores...

      Quando estávamos em São Paulo, faltando mais ou menos dois dias para irmos para Paraty (para Paraty hehe) tivemos a agradável notícia de que haviam menos camas do que pessoas por quarto, e que por isso duas sortudas pessoas por quarto teriam de dormir em uma cama de casal.
      Durante todo o dia eu e meus parceiros de quarto estávamos decidindo quem iria dormir na cama de casal, obviamente com uma completa discussão onde todos mostravam seu ponto de vista e por que não deveriam dormir na cama de casal:
      - Você vai dormir na cama de casal!
      - Eu não, vai você!
      - Por quê eu? Vai você!
      E assim os pássaros iam cantando, as borboletas voando, os estudantes estudando e os dias passando. E num piscar de olhos todos já estávamos num ônibus quente, com sono e ouvindo mirabolantes discussões sobre cupinzeiros e afins. Paraty havia chegado e apenas uma pessoa de nós quatro havia se disposto a dormir na cama de casal, o que significava que quem chegasse primeiro escolheria sua cama.
      Finalmente havíamos chegado, e rapidamente ao saber o número dos quartos, peguei minha mala e saí em disparada para o quarto, fui o segundo a entrar, e com a ningetude de quatro power rangers e dois gatos, taquei meu salame em uma cama de solteiro (ver "Um salame por favor"). Problema resolvido certo? Errado, o problema havia apenas começado. Depois de todos terem definido suas camas foi feita a observação matemática mais apurada de todos os tempos.
      - Tem três camas de solteiro e uma de casal.
      É realmente impressionante como as pessoas podem mudar de opinião de uma hora para a outra:
      - Eu vou dormir na cama de casal fui o primeiro a chegar!
      - Não eu vou!
      - Eu tinha topado até quando era pra dormir com outra pessoa!
      E no final, a cama ficou com a pessoa que tinha topado ficar com a cama com outro homem nela, problema resolvido? Mais uma vez não. Agora ninguém queria ficar com a cama que ficava de frente para a porta:
      - Eu não vou ficar aí, imagina se invadem o quarto? O cara que tá aí morre! (isso realmente foi dito)
      - Fica de frente para o banheiro vai ficar mó cheiro ruim.
      No final após outra discussão, falei que eu poderia ficar com a cama, para que assim finalmente pudéssemos ficar em paz, problema resolvido, certo? Não, quer dizer sim para eles, e não para mim, a cama era basicamente uma pedra com um lençol em cima, e o travesseiro, bom, não tinha travesseiro e sim uma fronha vazia, além de ficar de frente para o banheiro (o negócio fedia), de ser o primeiro a morrer em caso de uma invasão noturna e pior de tudo, ter que dormir com aquele maldito ar condicionado ligado!!! Eu tinha que dormir com dois cobertores!!!
      Moral da história: aquele que parecia ter se ferrado ao ficar com a cama de casal, foi o que melhor ficou, aquele que foi o primeiro a chegar também se deu bem, e aquele que cedeu seu espaço pela paz no quarto ficou gripado e com dor nas costas.  

10 coisas que não suporto


  • quando estou cantando em voz alta e alguém começa a cantar comigo, ou a mesma música.
  • segundas-feiras
  • domingo a noite
  • quando estou vendo um vídeo e ele não carrega
  • quando pessoas que eu conheço bem pouco me encontram na rua e vem falar comigo
  • creepers (só os fortes entenderão)
  • chocolate de coco
  • ser acordado sem nenhum motivo aparente
  • bater o dedinho na quina da cama
  • gente que acha que Busca implacável é pior que 007

domingo, 21 de outubro de 2012

Um salame por favor

      Finalmente havíamos chegado a algum lugar.
      Após três horas ouvindo ininterruptamente nosso querido professor de Geografia falar sobre cupinzeiros e outros assuntos extremamente interessantes, havíamos chegado a uma parada no meio da estrada.
      A viagem ainda duraria algum tempo, em torno de mais três horas, então todos com carteiras em mãos compravam alguma coisa para comer. Coxinhas, folhados de frango por aí ia, mas o que mais chamou atenção foram 30 centímetros de carne e gordura, o que mais havia chamado a atenção foi aquele delicioso salame.
      O destino daquele pedaço de carne já estava predestinado. Ainda em São Paulo já havia sido combinado de ser levado um canivete para corta-lo, e também, obviamente, dinheiro para compra-lo. Ainda sim, realmente te-lo comprado foi uma grande surpresa, afinal não era um simples item de mercado, era um salame! Após ser feita uma vaquinha, para a alegria de todos, por vinte reais aquele salame foi arrematado com sucesso. O problema foi que dez minutos após a compra ter sido realizada, e a embalagem ter sido removida, rastros verdes e brancos de mofo foram encontrados no pobre salame... Nada que abalasse aqueles fiéis seguidores da carne! Que cuidadosamente dividiam a carne em duas partes, para que assim todos que contribuíram para a compra tivessem seu pedaço de salame.
      Depois disso tudo que sei é que nem mesmo um pedacinho daquele salame foi ingerido (que bom!) mas de qualquer forma aqueles 30 centímetros de carne e gordura foram úteis para outra coisa, tornar aquela viagem cansativa em uma coisa mais descontraída e divertida.

Nota do autor: um dos pedaços do salame foi abandonado no frigobar da pousada.

sábado, 22 de setembro de 2012

1,2,3,4,5,6...


      7,8,9,10... Era mais um domingo a tarde. Muitas pessoas daquela casa estavam dormindo, as outras estavam se preparando para o jogo Corinthians e Vasco que haveria aquela tarde.
      Menos duas pequenas crianças, uma de 2 anos, e outra de 4 que mostravam a todos suas grandes habilidades matemáticas: 11,12,13,14,15. Ninguém estava dando a mínima para eles, estavam apenas esperando o final da contagem para dizer "muito bem!" ou alguma outra coisa do gênero: 16,17,18,19,20! "muito bem!" disseram todos os presentes na casa.
      -Eu também sei contar!
      Retruca a criança mais nova com um pingo de ciúme em sua voz fina e mal definida.
      -1,2,3,4,5...
       Então a criança cheia de orgulho repete a sequência de forma impecável, pelo menos era o que todos pensavam.
      -17,18,19, dizedez!!!
      Ao final da contagem todos aplaudiram, e repetiram a mesma frase "muito bem!", provavelmente pela falta de atenção que todos tinham, ninguém deve ter percebido nada. Mas por outro lado a outra criança revoltadíssima com a contagem grita:
      -Não é dizedez, é vinte!
      E a partir daí se desencadeia uma profunda discussão.
      -É sim!
      -Não é não!
      -É sim!
      -Não é não!
      Não havia dúvidas que aquela discussão ía longe. Mas então aquele caloroso debate é interrompido por uma frase:
      -Está na hora de ir embora!
      Com mãe não se discute, aquela criança suada, rechonchuda de voz fina e mal definida foi embora, causando assim, uma enorme decepção para a outra criança que defendia tão fortemente a idéia de que depois do dezenove, havia vinte.